Não é de agora que a natureza inspira a artista visual Lurdi Bauth.
Não é de hoje que ela encontra beleza em cada pequeno detalhe de uma vasta paisagem.
Não é de agora que Lurdi constata a necessidade urgente de preservação de um ecossistema tão delicado como o deste pequeno e frágil planeta que habitamos.
Lurdi Blauth, artista plástica, Doutora em Artes Visuais pela UFRGS, com Doutorado/sanduíche, na Université Pantheon-Sorbonne , mantém seu ateliê em São Leopoldo e uma atividade de tirar o fôlego de qualquer um que acompanhe sua trajetória.
Muitos artistas precisam se aposentar para, só aí, dedicar plena atenção à arte. Lurdi trilha um caminho diferente. A docência de mais de 40 anos nunca impediu sua produção. Sua vasta pesquisa na gravura não é só teórica, ela resulta num imenso e múltiplo acervo abrangendo as mais diferentes técnicas de impressão. Lurdi contribuiu e continua contribuindo com a formação de muitos artistas, só que agora utilizando tecnologias digitais, fazendo lives, entrevistando artistas de renome de todo o país e oferecendo cursos online. Não poderia ser diferente para alguém que se acostumou a pesquisar outras possibilidades.
Atualmente toda esta profusão pode ser conferida no curta “CASA ATELIÊ” realizado pela produtora Black Picasso e na mostra individual intitulada “DEPOIS DE INSPIRAR”, realizada na Galeria Municipal Gerd Bornheim, em Caxias do Sul /RS.
O documentário CASA ATELIÊ, que está sendo apresentado pelo canal ARTE1, narra de forma intimista o processo da artista através de um percurso pelo seu espaço de estar e de criar. Um primoroso trabalho dos diretores Marcelo Pino e Fabiano Blauth que aborda o universo de Lurdi Blauth a partir de um olhar poético e refinado. O curta “Casa Ateliê” ficará disponível no Youtube no endereço https://youtu.be/QOQ8Ll3ppB4
A mostra individual “DEPOIS DE INSPIRAR”, com curadoria de Fabiane Machado, leva à cidade de Caxias do Sul a percepção da artista relacionada ao meio ambiente através de gravuras em diferentes técnicas, que envolvem processos de pesquisa em materiais reciclados e menos tóxicos. São xilogravuras e gravuras em metal com processos diversos, como ponta seca, mokulito (litografia japonesa) e lito-offset. Meios como a fotografia digital, a gravação em matrizes alternativas, a impressão, a digitalização e a reimpressão de imagens sobre suportes variados são explorados como técnicas de produção.
Além do texto de abertura da mostra, de autoria da curadora Fabiane Machado, alguns pequenos textos de Lurdi despertam ainda mais a atenção do espectador na relação arte e natureza. Textos como:
–“Sou capturada por estes estados temporários e cíclicos da natureza, onde nada é constante, tudo é passagem. São indagações que me levam a pensar sobre o que realmente tem duração? Diante da transitoriedade da vida, talvez, a duração esteja no movimento da transformação e eu, tento evidenciar através do gesto de gravar uma matriz, uma certa permanência” (Lurdi Blauth).
Além do texto de abertura da mostra, de autoria da curadora Fabiane Machado, alguns pequenos textos de Lurdi despertam ainda mais a atenção do espectador na relação arte e natureza. Textos como:
–“Sou capturada por estes estados temporários e cíclicos da natureza, onde nada é constante, tudo é passagem. São indagações que me levam a pensar sobre o que realmente tem duração? Diante da transitoriedade da vida, talvez, a duração esteja no movimento da transformação e eu, tento evidenciar através do gesto de gravar uma matriz, uma certa permanência” (Lurdi Blauth).
SÉRIE MATA, 2020.
Este conjunto de xilogravuras apresenta percepções relacionadas ao meio ambiente, cuja intenção não é uma reprodução mimética de natureza exuberante, mas refletir sobre a importância primordial de preservar todas as espécies de vida.
Os fios vermelhos impressos nas gravuras Mata IV, Mata V, Mata VI são elementos que ora remetem à presença de energia vital, ora remetem à presença involuntária do fogo, que num processo lento e sutil provoca morte, ausência. Na Mata VII e na Mata VIII, o pulmão vermelho simboliza a pulsação da vida
DESVIOS, 2015.
Nesse processo, a fotografia é um dispositivo deflagrador (trigger) para captura de imagens, que promove a interação entre os diversos meios utilizados em fluxo contínuo, uma vez que as imagens podem ser constantemente modificadas, facilitando a migração entre médias – analógica (matriz / imagem) e imagens desenhadas por meios digitais (imagem / imagem).